Ontem foi um dia bastante cansativo. Depois de trabalhar em um projeto de decoração que devo entregar dentro de dois dias, tomei um banho quente, bebi um copo de leite com algumas torradas e me deitei.
Mesmo exausta, custei a pegar no sono. Acho que ainda passei meia hora acordada antes de adormecer. E então eu tive um sonho.
E neste sonho eu me via caminhando num vale cheio de pessoas: mulheres, crianças, homens, idosos, deficientes, negros e humildes. Todos choravam copiosamente. E o som do choro de cada um penetrava no coração tal qual uma lança afiada, de ponta bem fina. Após alguns minutos perplexa diante da cena, digna de peça de Dante Alighieri, comecei a andar no meio delas. Dirigi-me a uma moça. Aparentava ter uns 20 anos. Bonita, cabelos longos pretos, alta. Não falava, apenas chorava. E eu lhe perguntei:
- Por que chora, querida? O que fizeram a você? Por que as lágrimas tão sentidas?
Levantou a cabeça. Olhou-me tristemente. Respondeu:
- Vou contar minha história. Eu me congregava na Igreja Cristã Maranata. Já ouviu falar?
- Sim, ouvi. Muito mal, inclusive.
- Pois é, tem razão de ser o mau testemunho.
Neste ponto de nossa conversa, ela se acalmara.
- Prossiga.
- Entrei nesta igreja quando tinha 15 anos. Minha mãe morrera quando eu tinha 10 anos, meu pai foi embora, mas antes de ir, deixou-me na casa da tia dele, com quem morei até me casar no ano passado.
- Então você não é feliz no seu casamento?
- Pelo contrário. Nesta seita maligna, cheia de hipócritas, casar é um passaporte para se alcançar cargos.
- Não me diga...
- É sim. Conheci um obreiro bonito na unidade local onde me congregava. Eu era do grupo de louvor. Amava como poucos os louvores da casa do Senhor, e especialmente de cantar para Ele. Certo dia, chegou um rapaz bem bonito, charmoso, interessante mesmo. Apaixonei-me no exato instante em que o vi. Logo, ele também foi "levantado" para estar à frente do GL. Ah, meu coração palpitou... E então, comecei a orar por ele para que se apaixonasse por mim.
- Por que chora, querida? O que fizeram a você? Por que as lágrimas tão sentidas?
Levantou a cabeça. Olhou-me tristemente. Respondeu:
- Vou contar minha história. Eu me congregava na Igreja Cristã Maranata. Já ouviu falar?
- Sim, ouvi. Muito mal, inclusive.
- Pois é, tem razão de ser o mau testemunho.
Neste ponto de nossa conversa, ela se acalmara.
- Prossiga.
- Entrei nesta igreja quando tinha 15 anos. Minha mãe morrera quando eu tinha 10 anos, meu pai foi embora, mas antes de ir, deixou-me na casa da tia dele, com quem morei até me casar no ano passado.
- Então você não é feliz no seu casamento?
- Pelo contrário. Nesta seita maligna, cheia de hipócritas, casar é um passaporte para se alcançar cargos.
- Não me diga...
- É sim. Conheci um obreiro bonito na unidade local onde me congregava. Eu era do grupo de louvor. Amava como poucos os louvores da casa do Senhor, e especialmente de cantar para Ele. Certo dia, chegou um rapaz bem bonito, charmoso, interessante mesmo. Apaixonei-me no exato instante em que o vi. Logo, ele também foi "levantado" para estar à frente do GL. Ah, meu coração palpitou... E então, comecei a orar por ele para que se apaixonasse por mim.
- E apaixonou-se?
- Minhas orações surtiram efeito. Um dia, uma irmã teve um dom, e passou ao pastor. O pastor veio até mim, e falou: Irmã, gostaria de lhe passar um dom que a outra irmã senhora teve com você. Consultamos e é do Senhor. Era visto que você entrava vestida de noiva na igreja, e que seu noivo era o João. Irmã, o discernimento que tivemos é de que ele é o seu Isaque. Está tudo certo. Falamos com ele, irmã, e ele também disse que havia tido um sonho com a irmã, casando com ele na igreja.
- Nossa, que fantástico? Você tinha comentado com alguém sobre isso, sobre seu interesse pelo rapaz?
- Não. Não que eu me lembre. Pois bem, começamos a namorar. No começo tudo lindo, maravilhoso, eu apaixonada, ele também (aparentemente, porque descobri mais tarde, que só estava fingindo). Nada poderia dar errado, pois o Senhor havia mostrado. Após três meses de casados, ele começou a me maltratar: me batia, me humilhava, me obrigava a realizar todo tipo de desejo sexual, quando não, assistia pornografia na internet. Nossa, aquilo me deixou deprimida. As vezes me questionava, outras questionava Deus. Outras vezes só chorava, não comia. Diante dos irmãos éramos um casal invejado. Na frente do pastor, diácono e obreiros falava que o nosso casamento era abençoado. Entretanto, ao chegarmos em casa, a tortura recomeçava. Depois descobri que tudo foi um jogo para que ele alcançasse logo o cargo de diácono...
- Minhas orações surtiram efeito. Um dia, uma irmã teve um dom, e passou ao pastor. O pastor veio até mim, e falou: Irmã, gostaria de lhe passar um dom que a outra irmã senhora teve com você. Consultamos e é do Senhor. Era visto que você entrava vestida de noiva na igreja, e que seu noivo era o João. Irmã, o discernimento que tivemos é de que ele é o seu Isaque. Está tudo certo. Falamos com ele, irmã, e ele também disse que havia tido um sonho com a irmã, casando com ele na igreja.
- Nossa, que fantástico? Você tinha comentado com alguém sobre isso, sobre seu interesse pelo rapaz?
- Não. Não que eu me lembre. Pois bem, começamos a namorar. No começo tudo lindo, maravilhoso, eu apaixonada, ele também (aparentemente, porque descobri mais tarde, que só estava fingindo). Nada poderia dar errado, pois o Senhor havia mostrado. Após três meses de casados, ele começou a me maltratar: me batia, me humilhava, me obrigava a realizar todo tipo de desejo sexual, quando não, assistia pornografia na internet. Nossa, aquilo me deixou deprimida. As vezes me questionava, outras questionava Deus. Outras vezes só chorava, não comia. Diante dos irmãos éramos um casal invejado. Na frente do pastor, diácono e obreiros falava que o nosso casamento era abençoado. Entretanto, ao chegarmos em casa, a tortura recomeçava. Depois descobri que tudo foi um jogo para que ele alcançasse logo o cargo de diácono...
- Que horrível...
- Mas eu sei que meu Redentor vive, e ele vê a minha agonia e o meu tormento... Tenho fé de que ele me fará a justiça. E pesará a mão sobre os que falaram falsamente em nome de Deus e acabaram com a minha vida.
Neste instante, fui transportada até uma senhora, parecida com minha mãe. Ela também chorava deseperadamente, colocando as mãos sobre o peito.
- O que houve senhora? Por que coloca as mãos sobre o peito?
- Estou magoada, filha. Bastante magoada. Choro todas as noites ao entrar no meu quarto, passo horas implorando a Deus sua justiça.
- Conte-me, senhora, o que lhe fizeram?
- Não foi diretamente comigo, foi com meu filho. Ele foi molestado por um diácono daquela seita do diabo, que eu considerava como se fosse obra de Deus.
- Como a senhora descobriu?
- Meu filho só tem 14 anos. O diácono de onde me congrego inventou de dar aulas de violão à classe de adolescentes, todas as sextas, das três às quatro. Meu filho me pediu que eu deixasse pois o sonho dele era tocar para o Senhor. E assim eu fiz. Como nós morávamos perto da igreja, eu o deixava ir sozinho. Na terceira aula, ele voltou 15 minutos depois, assustado, agoniado.
- Nossa, o que aconteceu?
- Ah filha, sinto até vergonha de contar.
- Não se sinta envergonhada. Pode falar.
- Pois bem. Meu filho me disse que o tal diácono, de quem prefiro não chamar pelo nome, passou as mãos nas coxas dele enquanto ensinava. Perguntei se só estavam eles dois, e meu filho respondeu que ninguém mais apareceu. Daí o pedófilo se aproveitou e passou a mão no meu menino. Precisava ver o estado em que ficou, nervoso...
E a mulher desatou a chorar novamente.
Acordei.
Pesadelo terrível aquele, angustiante.
E então, ajoelhei-me e pedi a Deus para recolher as lágrimas de todos e recolhê-las ao Seu coração de Pai, pois entendi serem as histórias de todos parecidas, fazendo-lhes também a justiça face aos abusos cometidos pelos falsos crentes...
Deus abençoe os retirantes...
*Texto fictício. Baseado em testemunhos reais, retirados de TESTEMUNHOS DE RETIRANTES
- Mas eu sei que meu Redentor vive, e ele vê a minha agonia e o meu tormento... Tenho fé de que ele me fará a justiça. E pesará a mão sobre os que falaram falsamente em nome de Deus e acabaram com a minha vida.
Neste instante, fui transportada até uma senhora, parecida com minha mãe. Ela também chorava deseperadamente, colocando as mãos sobre o peito.
- O que houve senhora? Por que coloca as mãos sobre o peito?
- Estou magoada, filha. Bastante magoada. Choro todas as noites ao entrar no meu quarto, passo horas implorando a Deus sua justiça.
- Conte-me, senhora, o que lhe fizeram?
- Não foi diretamente comigo, foi com meu filho. Ele foi molestado por um diácono daquela seita do diabo, que eu considerava como se fosse obra de Deus.
- Como a senhora descobriu?
- Meu filho só tem 14 anos. O diácono de onde me congrego inventou de dar aulas de violão à classe de adolescentes, todas as sextas, das três às quatro. Meu filho me pediu que eu deixasse pois o sonho dele era tocar para o Senhor. E assim eu fiz. Como nós morávamos perto da igreja, eu o deixava ir sozinho. Na terceira aula, ele voltou 15 minutos depois, assustado, agoniado.
- Nossa, o que aconteceu?
- Ah filha, sinto até vergonha de contar.
- Não se sinta envergonhada. Pode falar.
- Pois bem. Meu filho me disse que o tal diácono, de quem prefiro não chamar pelo nome, passou as mãos nas coxas dele enquanto ensinava. Perguntei se só estavam eles dois, e meu filho respondeu que ninguém mais apareceu. Daí o pedófilo se aproveitou e passou a mão no meu menino. Precisava ver o estado em que ficou, nervoso...
E a mulher desatou a chorar novamente.
Acordei.
Pesadelo terrível aquele, angustiante.
E então, ajoelhei-me e pedi a Deus para recolher as lágrimas de todos e recolhê-las ao Seu coração de Pai, pois entendi serem as histórias de todos parecidas, fazendo-lhes também a justiça face aos abusos cometidos pelos falsos crentes...
Deus abençoe os retirantes...
*Texto fictício. Baseado em testemunhos reais, retirados de TESTEMUNHOS DE RETIRANTES