A ORIGEM DOS PENTECOSTAIS
DA SEGUNDA GERAÇÃO
A partir de 1950 multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato deve-se
principalmente pelas incentivadas cruzadas nacionais de evangelização que percorreram todo o país. Usavam-se tendas
como templos improvisados e grandes anúncios nas rádios da época. Esse período é conhecido como a segunda geração de
pentecostais. Foi assim que nasceu a IGREJA DO EVANGELHO
QUADRANGULAR. Fundada no Brasil pelo missionário americano Harold Williams em 1953 na cidade de São Paulo, foi
inovadora em alguns pontos cruciais do pentecostalismo como, por exemplo, não serem tão intransigentes no uso de roupas e cabelo como os assembleianos e as cristãs. Os cultos eram ainda mais desorganizados que o de seus antecessores. Deixando o preceito bíblico de I Tm 2.8-13, ordenam mulheres para o ministério, conferindo-lhes o título de pastoras. Seus templos estão situados principalmente no Sul e Sudeste do país.
A febre do pentecostalismo estava a todo vapor, naquela época. Em 1956 o ex-pastor assembleiano e depois quadrangular, Manuel de
Melo, iniciou uma divisão nestas duas igrejas. Assim surgiu a IGREJA O BRASIL PARA CRISTO. Esta igreja foi um pouco mais
rígida que a Quadrangular e um pouco menos exigente que a Assembléia. Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de Melo chegou-se a
ordenar mais de trezentos pastores num só dia (a maioria ex-presbíteros da Assembléia de Deus). Tiveram o maior
templo protestante no Brasil na cidade de São Paulo. Seus programas de rádio eram amplamente ouvidos em todo o país. Houve um tempo em que mais de um milhão de membros já foram registrados. Na última
pesquisa, porém, o número foi de 197.000. Com a morte do missionário o trabalho deixou de ter o crescimento expressivo que marcou o seu início. Tem perdido
muitos membros para as divisões das assembléias e para as demais igrejas neopentecostais. Estas continuaram a rachar.
Em 1960 surgiu a IGREJA NOVA
VIDA no Rio de Janeiro. O missionário David Martins Miranda, que tem origem assembleiana, deixou-a e fundou a IGREJA DEUS É AMOR em 1962. Esta igreja ainda está em ascensão.
Cresce muito entre a população mais carente do país.
O fato de seu fundador e líder ainda estar vivo ajuda muito a sua propagação. Seus programas de rádio têm grande audiência entre a camada mais pobre, e principalmente, os moradores da zona rural. Muito parelha a esta igreja em doutrinas e costumes é a IGREJA SÓ O SENHOR É DEUS, cujo fundador é o missionário Miranda Leal, tido como primo de
Davi Miranda. Sua sede localiza-se em Maringá, no Paraná, e seus templos, quando construídos por Miranda Leal, possuem a forma de uma Arca, como a de Noé.
Em 1964 surge A CASA DA BENÇÃO, fundada pelo missionário Doriel de Oliveira. É quase inexpressiva nas cidades de
pequeno porte, mas é bem representada nos grandes centros. Esta igreja até hoje costuma usar tendas improvisadas como templos para iniciar seus trabalhos.
OS NEOPENTECOSTAIS
Neopentecostalismo é o nome que se dá aos pentecostais da terceira geração. São deste modo
chamados porque diferem muito dos pentecostais históricos e dos da segunda geração. Realmente é um novo pentecostalismo. Não
se apegam à roupas, televisão, a usos e costumes, e têm um jeito
diferente de falar sobre Deus. Dualizam a esfera espiritual dividindo-a entre Deus e o Diabo. Para eles o mundo está completamente tomado por demônios, e é sua função expulsá-los. Pregam a teologia da prosperidade. Pobreza, na sua concepção é coisa de Satanás; doença só existe em quem não
acredita em Deus, sendo de origem demoníaca, para variar. Seus cultos são sempre emotivos
objetivando uma libertação
do mundo satânico. Em muitos pontos pode-se dizer que suas doutrinas são bem parecidas com as doutrinas das religiões orientais, tais como Seicho-No-E,
induísmo e budismo. Para
eles o crente não pode sentir dor,ser humilde ou estar fraco.
Este movimento começou no
início da década de 1970. Seu crescimento deve-se, em grande medida aos programas de rádio e televisão, nos quais, devido ao anúncio de curas e milagres, obtiveram grande audiência. Os ouvintes e telespectadores geralmente são recrutados para dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho é forte, e isso certamente encoraja outros a tomar o mesmo caminho.
No Brasil a igreja neopentecostal de maior expressão é a UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (IURD). Conta com mais de dois mil templos em todo o Brasil e é a terceira maior igreja evangélica do país, ficando atrás apenas da Assembléia de Deus e da Congregação Cristã.
Fundada em 1977 pelo bispo Edir
Macedo, procura estabelecer um sistema episcopal como o católico.
Possui um forte esquema de
comunicação, que é indubitavelmente, um fator de peso na divulgação e crescimento de seus trabalhos.
Depois da Universal a maior igreja neopentecostal no Brasil é a IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA. Esta igreja foi fundada em
1980 pelo missionário R. R.
Soares, cunhado de Edir Macedo, no Rio de Janeiro. Na intenção de imitar o trabalho de Kenneth Hagen (um dos maiores televangelistas dos EUA), Soares investe maciçamente na apresentação de seus programas. Outra igreja forte no ramo neopentecostal é a RENASCER EM CRISTO, que dá atenção especialmente à camada alta da sociedade. Há pouco tempo quase
comprou uma rede de televisão; esteve envolvida em denúncia de lavagem de dinheiro. Seu fundador autodeclara-se "apóstolo".
AS DIVISÕES DO PENTECOSTALISMO
Os pentecostais alegam que o aparecimento do Espírito Santo dentro das igrejas surgiu como resposta de Deus ao modernismo teológico. Isto significa, conforme tal concepção, que o Espírito Santo não agia nas igrejas por quase dois mil anos? Poucos sabem, ao afirmarem algo assim, que quando os pentecostais estavam renovando os trabalhos batistas no começo do século, estes mesmos "crentes frios", davam suas vidas em
campos missionários de todo o mundo. Antes de dividir as igrejas de Jesus, seria bom que lessem
Provérbios 6,19.
OS BATISTAS RENOVADOS
A renovação das Igrejas Batistas no Brasil enquanto denominação começou no ano de 1958. Até o ano de 1965, quando realmente houve a divisão, muitas reuniões
foram realizadas no intuito de evitar o racha nas Igrejas Batistas de todo Brasil.
O iniciador do movimento divisório no Brasil foi um pastor da Igreja Batista de Vitória da
Conquista chamado José Rego do Nascimento. Era um grande orador e logo conseguiu adeptos e conquistar algumas pessoas de nome para o seu movimento. Foi o caso do pastor Enéias Tognini,
pastor da Igreja Batista de
Perdizes. Essa união de forças levou o caso a ser analisado várias vezes. Houve muitas reuniões de
um comitê organizado para este fim, formado por 11 membros, buscando uma solução conciliadora para a questão pentecostal dentro das igrejas batistas. A decisão estabeleceu que: "A atuação do Espírito Santo na vida dos crentes se faz através de um processo chamado santificação progressiva; que
manifestações emotivas, por mais sinceras que sejam, não podem ser apresentadas como um padrão a ser seguido por todos; que a ênfase dada à doutrina do batismo no Espirito Santo tem causado reuniões barulhentas,
carregadas de emocionalismo e provocado manifestações de orgulho espiritual, bem como
proselitismo de crentes que não adotam tais idéias." Isso aconteceu em 1963.
Em 1965, ao realizar-se a Convenção em Niterói, com 3.035 mensageiros, a preocupação maior era a grande Campanha de
Evangelização marcada para o mesmo ano. No plenário mais uma vez surgiu o problema da renovação. O presidente, vendo que isso atrapalharia a campanha,
pediu que a questão fosse resolvida no ano seguinte. Porém a intransigência dos reavivalistas
precisou ser resolvida naquela mesma convenção. Decidiu-se então pela exclusão da comunhão das igrejas renovadas. Só naquele ano, mais de trezentas igrejas se
rebelaram e tiveram que ser
excluídas. Juntas formaram a CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL. Desta feita, pela primeira vez, houve uma divisão entre os batistas brasileiros como um grupo.
Adaptado de http://solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo/PentecostaisNeoPCarismaticos-GilbertoStefano.htm
(continua)