E ali, surge também um
outro nome importantíssimo da
história. Talvez, o mais importante do movimento pentecostal, de todos os tempos: William Joseph Seymour. Filho de escravos trazidos da África, em 1895 com 25 anos de idade mudou-se para Indianópolis , onde
inicialmente exercia a função de garçom, depois de vendedor e frequentava a Igreja Metodista
Episcopal de Indianópolis .
Em 1905, Seymour mudou-se para
Hilston onde passou a frequentar a recém formada escola bíblica de
Charles Fox Parham, na qual ele não podia entrar por ser negro. Permanecia no corredor.
Uma mulher chamada Lucy Farrel visitou a escola de Hilston. Teve uma experiência de batismo no
Espírito Santo e falou em língua estrangeira. Ali conheceu William
Joseph Seymour e o convenceu a tentar a vida em Los Angeles, onde a força do preconceito racial
era ainda maior. Ali vivia também um número enorme de Latinos.
O homem de Deus tentou levar para as Igrejas daquele local a doutrina com a qual tivera contato
quando estava em Hilston. Talvez pela ideia partir de um negro, o ato de falar em línguas ironicamente não fora bem recebido exatamente pelos pastores de Los Angeles que
pouco tempo antes viajaram
ao País de Gales a fim de aprender e tentar, sem sucesso,
implementar a doutrina do
derramamento iminente do Espírito Santo na sua região.
William Joseph Seymour foi expulso das Igrejas, acusado de
herege. Procurou outras menores de onde acabava sempre expulso,
sob a acusação de promover confusão entre os membros. Se antes, como discípulo, podia
estar ao menos no corredor da Igreja de onde ele morava, agora na nova cidade não era permitido
nem que houvesse um contato com os crentes, mesmo do lado de fora, pois sua doutrina (trazida do Texas) era vista como semente do mal.
William Joseph Seymour se uniu a outros negros e latinos, também discriminados e renegados pela religião. Logo, começou a fazer
cultos na própria residência. Os mesmos chegavam a durar três dias e três noites, atraindo muito mais pessoas do que a casa podia comportar. O que mais havia naqueles cultos eram línguas estranhas. A explicação é simples: os moradores dos bairros adjacentes foram recém trazidos de várias partes diferentes da África, onde se falavam [e continuam falando] centenas de dialetos e como eram as primeiras e segundas gerações de africanos, eles estavam bem familiarizados com os seus idiomas nativos.
As línguas estranhas
O fato de que na África os negros vivem isolados uns dos outros,
fez, por força da natureza, com que cada grupo ou tribo de cada
localidade falasse seu próprio dialeto ou idioma; nesse momento, portanto, estavam tendo uma oportunidade enorme, criada por Seymour de formar uma reintegração social através da religião. Assim, se juntavam cada vez mais negros ao grupo e cada um em sua oportunidade
concedida, podia falar no seu dialeto, desde que houvesse alguém que pudesse traduzir para o inglês, a língua a qual todos
podiam compreender.
O grupo crescia. Rapidamente a casa ficou pequena e William Joseph Seymour passou então a
realizar os cultos em diversas residências as quais igualmente terminariam por se tornar pequenas. Afinal, em toda reunião, mais pessoas a quem nunca tinha sido dada a oportunidade de se expressar agora poderiam falar em público para seus irmãos nas reuniões;
podiam também cantar, contar testemunhos sobre experiências de familiares e antepassados como também histórias do seu povo.
Desse modo o interesse social
dos negros aumentava pelas reuniões. É fácil entender as razões, a saber:
1 - Liberdade de expressão
no culto;
2 - Vez e voz para as
mulheres (coisas que elas
não tinham nem mesmo
no seio político e social da
sua época);
3 - Tudo isso, reforçado
pela fé de estar fazendo
algo, para Deus.
Os negros, pela primeira vez, tiveram a oportunidade de se
expressar.
Ao longo da História Norte
Americana, não se tem notícias de um período anterior à Rua Azusa, no qual sobretudo a comunidade feminina podia falar em público. As pessoas corriam para os cultos de William
Joseph Seymour e os motivos podem ser muito facilmente percebidos. Na questão mística -
Buscar um Deus que proporcionava melhor vida aos brancos; na questão social - O povo podia se expressar, conversar com os seus semelhantes, colocar as suas opiniões. Isso, claro, atrairia um
número considerável de fiéis, não precisaria de nenhum milagre para fazer isso acontecer.
A Famosa Rua Azusa
Com os cultos realizados de casa em casa, concomitante a crescentes adesões, não demorou
para que se cotizassem entre os irmãos e conseguissem dinheiro
suficiente para a compra da sua própria Igreja.
Havia ali próximo uma Igreja Metodista a qual não tinha se contextualizado com aquele momento religioso e estava fechada há alguns anos. Seus donos aceitaram a oferta de
compra.
Não houve reforma prévia do templo. Do do jeito que estava, passou a ser utilizado pelos afro americanos. Sentados nos bancos de tábua ou em pé entre materiais de construção, fiéis rendiam sua adoração, cheias do Espírito Santo. A Igreja foi então nomeada "Missão Evangélica da Fé Apostólica" onde todos eram bem-vindos.
Os primeiros brancos
As negras, que agora
podiam adorar a Deus, tendo voz
nos cultos, contavam às patroas sobre sua igreja. Desta feita os brancos começaram a frequentá-la, especialmente as mulheres. Elas, a seu turno, convenciam os maridos a acompanharem-nas.
Todos estes podiam testemunhar a ação do Espírito Santo, batizando a todos no momento da oração coletiva, onde a variedade de "línguas estranhas" era incontável.
Deus envia um Sinal
Precisamente às 5:12h da manhã
(horário local), em 18/04/1906, um imenso terremoto sacudiu e
acordou abruptamente os moradores da área de São Francisco. As ondas de choques violentos pontuaram o forte tremor que durou cerca de 60
segundos.
O terremoto foi sentido do sul do Óregon, até o sul de Los Angeles e a 70km em direção elevada. Foi o terremoto mais destrutivo da história Norte Americanda, 8.3 na escala Rischter.
Um incêndio devastador alimentado por tubulações de gás rompidas pelo terremoto ampliou os danos; cerca de 700
pessoas estavam mortas, nos 514 quarterões da cidade.
Rapidamente, folhetos protestantes, que partiram de algum lugar, inundaram as
caixas de correios das casas por toda a Califórnia. Nele estava escrito: É UM AVISO DE DEUS E DE
SEU BREVE JULGAMENTO!
(continua)
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